A passagem ao ato

Marcelo Guimarães Lima




O chamado à insurreição fascista falhou. Roberto Jefferson, criminoso reincidente e condenado,  ao resistir à prisão arriscou a vida de policiais e a sua. Termina sendo preso do mesmo jeito. Vai se fazer de vítima agora, explicar que não aconteceu o que aconteceu e que, se aconteceu, a culpa é do “Xandão” e da ministra que ele ofendeu de modo pouco republicano. Agora que Bolsonaro condena sua ação tresloucada. Condena, mas nem tanto. Poderá se servir do exemplo mais tarde. Mas o tempo urge, e o cálculo golpista afinal se revela mais complicado do que podia parecer ainda ontem.

O chamado fascista falhou no surto psicótico de um alucinado, na impetuosidade, na improvisação individual, na desorientação generalizada que é a tônica dos tempos e da estratégia de Bolsonaro. Estratégia que agora se volta contra os bolsonaristas e suas ilusões mais caras.

Sair das ameaças que Bolsonaro repete diuturnamente e passar ao ato de arrebentar o regime,  de implantar a ditadura neoliberal-neofascista, parece ser algo mais difícil do que até aqui pretendia ou dava a entender  o líder máximo, os militares comprometidos com a apropriação da máquina estatal, empresários sonegadores, garimpeiros, devastadores do campo e das matas e demais saudosos da ditadura militar junto com a pequena burguesia de formação integralista e os comerciantes da religião popular. 

Mas, afinal, de qual regime se trata? O atual regime, iniciado com o golpe de 2016 e que permitiu Bolsonaro, político tradicional do baixo-clero, chegar à presidência?  Algum outro regime?

 A passagem ao ato individual de Roberto Jefferson de imediato embaralha o campo golpista. Longe de ser um grito dramático de arregimentação de forças “populares” é mais um ato insensato e criminoso na escalada de violência incentivada pela retórica do atual presidente e que alimentou conflitos localizados, iniciativas de violência individual e assassinatos covardes, alimentou ameaças de farsantes fantasiados e armados nas redes sociais.

Roberto Jefferson julgou ser um personagem central da fabulação fascista, uma espécie de Mussolini de subúrbio, um capo da periferia e se mostra como um reles narcisista alucinado, emparedado, no fim da linha e da carreira. Roberto Jefferson “surtou” e ao que parece dá sua contribuição para o Brasil acordar do pesadelo bolsonarista que até aqui tem entorpecido muitos corações e mentes.







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