Resistir à ditadura

Marcelo Guimarães Lima




A fragilíssima democracia brasileira (a que era sem nunca ter sido) é violentada pelo conluio da mídia monopolizada, mídia partidária e de baixo nível profissional, um judiciário que insufla o ódio de classe e cuja função única é defender privilégios de casta e de classe, e forças armadas programaticamente submissas  frente ao poder dos donos do mundo e que refletem na sua ideologia o que há de mais primitivo e  retrogrado da formação social brasileira, enquanto herdeiras e continuadoras da ditadura militar iniciada em 1964 e, pelo que se vê, jamais encerrada definitivamente. Da ditadura latente passamos hoje à ditadura explícita graças aos esforços globalizantes da ministra Carmen Lúcia e seus parceiros do STF, ao juiz “fora-da-lei” Sergio Moro e seus companheiros, à família Marinho e seus comandados.

Escancarada está a falência das instituições do estado brasileiro na perseguição criminosa e abjeta à Lula, condenado não porque seja corrupto ( neste caso, seria apenas mais um dentro da “normalidade” cotidiana do golpe) mas, bem ao contrário, pelo fato da figura do ex-presidente encarnar as aspirações concretas e as esperanças do povo brasileiro por um país soberano, livre, justo e próspero: um país para o seu povo.

Para as elites transnacionais (1), pouco ou nada importa o país, a soberania do país e o destino das massas populares, aqui o cálculo venal determina a associação como sócios menores ao império neoliberal: a garantia do lucro exorbitante e fácil é o que importa. O resto é o resto. A “pátria”, a “democracia”, a “moralidade pública e privada” são outros tantos bordões de retórica vazia e sem sentido algum para os proprietários da nação, bordões utilizados exclusivamente como forma de pressão e chantagem “moralizadora” face ao inimigo de classe e contra qualquer um que ouse contestar, minimamente que seja, o dogma autoritário da “liberdade”da submissão inconteste, sem trégua, da exploração sem quartel das massas. É apenas para isso que serve um país: território de opressão e do lucro gerado pela opressão.

E quando surgem desafios, atuais e potenciais, ao mando, é chamar o FBI, o departamento de estado norte-americano, e demais forças auxiliares como fizeram e fazem o juíz Moro, a Polícia Federal e outros agentes públicos, pagos com os impostos recolhidos ao povo brasileiro, que na tradição da chamada vida pública deste país não se consideram como servidores da coisa pública, mas como proprietários de seus cargos e donos do estado.

O pedido acelerado de prisão de Lula mostra que a provocação é método para os lavajateiros e o confronto é o que desejam, pretexto para a repressão sanguinária e sistemática, como na ditadura militar. Com sangue nos olhos, esquecem os lavajateiros e seus mestres da imprensa venal que o país de hoje não é o mesmo da ditadura militar. A história se repete no Brasil do golpe como farsa e tragédia.

Farsantes nas instituições, no sistema político, nos partidos da direita, na imprensa da direita, no judiciário igualmente da direita, na polícia da direita, nos aparelhos de estado, atuam no presente com os métodos e as idéias do passado. Como se não houvesse amanhã, com a arrogância e a sofreguidão próprias aos de visão curta, preparam para si a tragédia que hoje tentam impor aos seus inimigos de classe.

...

(1) “A Elite Transnacional é definida neste contexto como uma rede de elites interconectadas que controlam cada campo principal da vida social (econômico, social, ideológico e assim por diante) e sua função é semelhante à da elite nacional na era pré-globalização do Estado-Nação. Uma economia de mercado transnacional precisa de suas próprias elites políticas e econômicas transnacionais para controlá-la da mesma maneira como quando a economia de mercado era principalmente "nacional", quando o papel de impor as regras de mercado era atribuído ao "estado-nação". ”- através de seu monopólio da violência - e o controle exercido pels elites políticas e econômicas.”

Takis Fotopoulos
Τhe Transnational Elite and the NWO as “conspiracies”
The International Journal of INCLUSIVE DEMOCRACY, Vol. 10, Nos. 1/2 (Winter-Summer 2014)
http://www.inclusivedemocracy.org/journal/vol10/vol10_no1-2_Transnational_Elite_and_NWO_as_conspiracies.html



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