O sonho desfeito do Marechal Bolsonaro? Falta pólvora, não vai ter guerra...

Marcelo Guimarães Lima


Lemos no Brasil 247 de hoje (13/11/2020) um resumo de notícia do Estadão sobre a força militar brasileira não ter recursos para defender o país em caso de conflito bélico, declaração do comandante do Exército, general Edson Pujol. Declaração feita após o recente desafio militar lançado ao novo presidente eleito dos EUA pelo nosso atual presidente, nosso Messias da extrema direita nacional.

Presidente acidental, na esteira de um golpe de estado judiciário-mediático-político, Bolsonaro é, de fato, um serviçal e representante da classe dominante brasileira no que esta tem de mais agressivo e regressivo, nas suas graves limitações históricas, cognitivas e éticas agravadas pelo contexto da crise sistêmica global.

A instituição militar sem poder material de fato, nos lembra o episódio da resistência de Canudos, com seus corajosos jagunços e camponeses pobres. Após derrotar seguidas vezes as expedições militares oficiais, profissionais da guerra, treinados e equipados atacando uma população camponesa marginal, os denominados “sublevados” de Canudos chamavam seus inimigos das forças do estado de a “Fraqueza do Governo”.

A pergunta que muitos se fazem: se não pode proteger o país, para que serve então a força militar no Brasil hoje? A história no século XX e deste jovem século XXI nos mostra claramente o papel desestabilizador das forças armadas brasileiras nos processos de mudança e democratização incipiente das estruturas políticas, sociais e econômicas da nação. O papel de “tutores” autodesignados da nação, de fato papel de polícia dos setores mais retrógrados da classe dominante, tem sido o papel exclusivo do poder militar durante grande parte do último século, culminando na ditadura militar iniciada com o golpe de estado de 1964, e neste século com as iniciativas militares no golpe de 2016.

Jair Bolsonaro, esta figura inacreditável de representante do baixo clero parlamentar alçado a chefe de estado, formou-se na escola da ditadura militar: a escola da opressão, da tortura e assassinato de oponentes, do entreguismo sob a justificativa de falso nacionalismo, do moralismo de falcatrua acobertando crimes de corrupção em todos os níveis da vida pública, da censura ao pensamento e às artes, a escola da mentira e da hipocrisia como forma de vida.

Na crise global do século XXI, o estado-nação se vê confrontado aos poderes globais, organizados sob a hegemonia da “potência (que se quer) única”, os EUA com seus aliados e vassalos externos. No entanto, a crise do estado-nação atinge igualmente o poder central como ocorre hoje no exemplo claro das eleições americanas.

Os generais conspiradores brasileiros parecem não ter outra resposta que a vassalagem histórica típica da nossa classe dominante. Pela boca e o cérebro limitado do presidente acidental, a ideologia da guerra fria foi chamada novamente a prestar serviços e justificar o golpe de estado permanente num contexto em que o fantasma do chamado “comunismo soviético” não é nem mesmo lembrança remota para as novas gerações.

Como Napoleão de hospício, o chefe de estado no Brasil declara sua intenção de confrontar-se ao império norte-americano. É o caso da gente perguntar se com tal personagem permanecendo no poder ainda existe racionalidade na política brasileira, nas forças armadas, nos grupos empresariais dominantes. Racionalidade, ou seja, capacidade de previsão, de antecipação, de medir escolhas e consequências, algo além da mesquinha contabilidade diária de caixa ou do bolso, que parece ser o horizonte exclusivo dos donos do poder no país e dos servidores do atual regime golpista.

Enquanto o circo pega fogo, o palhaço, com suas extravagâncias, mantém a plateia distraída...

Na encruzilhada histórica global em que nos encontramos, com o agravamento da crise externa e interna, será talvez necessário não apenas reformular o estado brasileiro mas de fato substituir, por imprevidência e incompetência no que diz respeito aos reais interesses do povo e da nação, os donos do poder, a própria classe dominante brasileira e todos os seus agentes.


 

Comments

postagens + vistas