A "elite" fora-da-lei: o candidato Covas e a compra de votos em São Paulo. Vai ficar por isso mesmo...
Marcelo Guimarães Lima
Um vídeo que circula nas redes sociais denuncia uma distribuição de cestas básicas
que teria sido realizada pela campanha do atual prefeito e candidato à reeleição
fonte: Rede Brasil Atual
O flagrantede distribuição de cestas básicas pelo campo do candidato Bruno Covas na
disputa da prefeitura de São Paulo é, ou seria, verdadeiramente um escândalo,
um escárnio em relação ao processo eleitoral segundo a lei vigente, uma afronta,
uma vergonha. Mas além da publicidade negativa passageira, não vai dar em nada
no “curralão” eleitoral que é o estado de São Paulo dominado pela máquina
política do PSDB há várias décadas. A candidatura Covas representa no âmbito da
cidade a direita que comandou o golpe de 2016. Representa a direita brasileira na
sua ideologia e nos seus métodos.
Negros,
pardos, pobres, periféricos, camponeses, indígenas e “petralhas” genéricos,
simpatizantes ou militantes de base da esquerda, são candidatos perenes à
cadeia por crimes vários, reais ou imaginários, cometidos ou simplesmente
imputados, e pelo crime maior de origem e posição social, de pertença às
classes populares, por constituir a maioria despossuída e explorada que desde
1500 deve conhecer e permanecer no “seu” lugar na ordem branca, autoritária,
excludente, que identifica para a “elite” o Brasil como é e deve ser. O que
ameaça esta ordem, mesmo nos detalhes, é intolerável e quando a lei e a polícia
não podem dar conta corriqueiramente de desvios e infrações, recorre-se à
ilegalidade, à contrafação, ao delito e
assim a história do Brasil na modernidade é feita de golpes, violência tanto
simbólica quanto material, assassinatos, tortura, corrupção material que
beneficia alguns e corrupção moral que adultera a ordem simbólica como um todo.
A “elite”
golpista não vai largar o osso nos seus interesses e domínios centrais. Quando
necessário o golpe sob o qual vivemos e sob o qual agora votamos será
reforçado. Os aparelhos e os agentes do golpe estão postos e ativos. O
candidato Covas será provavelmente reconduzido ao cargo. Não será
responsabilizado. Como adivinho das coisas óbvias, esta é a minha “profecia”.
Se não se cumprir, melhor. Mas quais as chances?
Na
Argentina o governo eleito enfrenta, além de uma situação de fato grave com as
dificuldades estruturais dos países periféricos na crise mundial, com a herança
neoliberal e a pandemia, uma oposição sistemática e malévola comandada pela
mídia e guiada pelos neoliberais domésticos e externos. Um alerta, se ainda é
preciso, para a esquerda brasileira.
Ed Motta, Fora da Lei
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