Bolsonaro: o escorpião e o sapo.

Marcelo Guimarães Lima






Vale a pena ver o vídeo de Eduardo Guimarães do Blog da Cidadania que publicamos no post anterior, vídeo que nos remete ao "longínquo" período do golpe de 2016, do ativismo antipetista da cúpula do PSDB, e ao período do desgoverno Temer, a antessala do bolsonarismo, com a atuação canhestra de José Serra. Um final patético de vida e carreira política na desonra e no desamparo.

A burguesia brasileira não prima pela inteligência nem pela sutileza. José Serra foi servidor da classe dominante, uma espécie de sabujo golpista na última fase de sua carreira representando interesses antinacionais e antipovo. Hoje mero peão no jogo sujo da direita em suas disputas intestinas face ao caos programado do desgoverno Bolsonaro. Como estará se sentindo a esta altura o seu companheiro, o sr FHC, fiador do golpe de 2016 ontem e hoje? Inatingível, seguramente , como se sentiam Serra, Aécio Neves, Eduardo Cunha e tantos outros.

A continuidade de Bolsonaro e do golpe exige sacrifícios, além das milhares de vítimas, principalmente das classes populares, do  genocídio de fato estimulado pelo atual presidente cuja "política de saúde" (como a política econômica, de educação, etc, etc) é um misto de negligência, incompetência e crueldade deliberada.

O projeto neoliberal brasileiro iniciado com Collor, aprofundado com FHC, termina em Bolsonaro que tem o mérito de, na sua vulgaridade e crueza, escancarar a dimensão exata, a face brutal e repulsiva do que os ideólogos de aluguel chamaram por décadas de "modernização" e justificavam (porcamente) como criação de novas oportunidades para os brasileiros.

José Serra é hoje o que será Bolsonaro amanhã, segundo Eduardo Guimarães. Podemos ampliar a comparação e dizer que a classe dominante brasileira alimenta uma crise ainda maior do que a que atravessamos hoje e diante da qual ela e seu núcleo duro de entreguistas e escravocratas  não sairão ilesos como de hábito. É uma espécie de lei da vida que a esperteza em excesso transforma-se rapidamente em seu contrário.

José Serra cai como fruta madura em meio a disputa entre facções golpistas: extrema direita, direita  extrema, direita que mal esconde seu extremismo de fato, direita golpista que arrota democracia, República da Lava Jato, e tantas outras.  Mas o drama de hoje  não poderá terminar na pizzaria, como em tantas oportunidades no passado recente? O fator Bolsonaro e o processo que ele representa  hoje na política brasileira não permite.

Bolsonaro é como aquele escorpião da narrativa que convenceu o sapo a transportá-lo no riacho. Obviamente o escorpião não iria matar o sapo no meio da travessia, explicou o mesmo ao anfíbio, pois morreriam ambos afogados. E assim aconteceu, o escorpião cravou seu ferrão no sapo: Por que? Perguntou o sapo moribundo no meio do riacho. Matar é da minha natureza, respondeu o escorpião que se afogava junto.

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