Contra a barbárie institucionalizada

 Marcelo Guimarães Lima



As recentes violências e o assassinato de indígena da comunidade Pataxó na Bahia, em conflitos que se repetem na região entre comunidades indígenas e fazendeiros locais, com seus apoiadores armados, se inscrevem na longa tradição autoritária, violenta e discriminatória no Brasil pela marginalização, exclusão e apagamento das etnias nativas no território brasileiro.

É possível dizer que o genocídio histórico de populações nativas, a partir da colonização portuguesa, se prolongou no passado do estado nacional brasileiro como, em muitos aspectos, persiste ainda no presente, apesar das iniciativas de reconhecimento legal e proteção inscritas na constituição de 1988, da representação indígena no atual governo do presidente Lula, e do ativismo pró direitos indígenas de setores da sociedade civil.

Ações e omissões ilegais e discriminatórias durante o desgoverno Bolsonaro incentivaram práticas de violências, assassinato de indígenas e de ativistas, invasões de terras, poluição de rios e florestas, prolongando o legado criminoso da Ditadura Militar que na segunda metade do séc. XX cerceou e oprimiu populações nativas.

Com a aprovação do famigerado e nocivo Marco Temporal pelos representantes no congresso nacional dos interesses de latifundiários, de setores do agronegócio que apoiam e financiam o bolsonarismo, garimpeiros, empresas de mineração nacionais e estrangeiras, a extrema direita e seus aliados na chamada direita liberal afirmam seu compromisso com a barbárie histórica e estrutural na sociedade brasileira, na destruição dos direitos relacionados das minorias e das maiorias populares, das classes trabalhadoras, dos marginalizados e oprimidos no passado e no presente do país.

Estes crimes repetidos contra os povos nativos no Brasil devem ser repudiados pelo conjunto da sociedade, denunciados e punidos, assim como devem ser apontadas as mais do que evidentes responsabilidades de partidos e representantes da direita e da extrema direita, em continuidade e afinidades ideológicas e materiais, apoiadores e beneficiários do golpe de 2016 e do desgoverno Bolsonaro.

Estes representantes parlamentares tentam impor ao país a regressão institucional por meio de iniciativas profundamente antidemocráticas e de verdadeira regressão civilizacional que caracterizam as posições destes partidos ditos “conservadores” com suas iniciativas contra os direitos indígenas que são, ao mesmo tempo, iniciativas contra os direitos do povo brasileiro neste período de crise profunda e conjugada, ideológica e material, do neoliberalismo global com seus horrores associados de miséria imposta aos povos, de guerras e de genocídio, de mentiras sistemáticas e repressão contra ideias, valores, projetos e ações pela democracia no significado verdadeiro da noção, isto é, pela soberania e autonomia popular.

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